A DIPLOMACIA DE DEFESA E AS FORÇAS ARMADAS COMO SEU INSTRUMENTO NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA

  • Cavalaria Cap Lemos Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
Palavras-chave: Forças Armadas, Relações Internacionais, Diplomacia de Defesa

Resumo

As interações entre a diplomacia e as Forças Armadas são quase tão ancestrais quanto a existência da humanidade. A dualidade entre o emprego do punho e a concessão da mão amiga são fenômenos recalcitrantes nas relações diplomáticas entre atores globais, os quais se desdobram em efeitos colaterais sobre suas políticas externas e posicionamentos relativos. Isso porque dentro de instituições de defesa como os Ministérios da Defesa e nas próprias Forças Armadas, seus membros acabam por se configurar como “agentes da diplomacia”, que produzem e reproduzem práticas diplomáticas do uso não-coercitivo dos recursos da Defesa. Este artigo analisa essas práticas e sua relação com a diplomacia, concluindo que o fenômeno constitui um tipo específico de diplomacia: a diplomacia de defesa. Esse estudo foi dividido em três fases. Inicialmente, são analisados sucintamente o que alguns autores conceituam a respeito desse tema. Em seguida, foi arquitetado um conceito de diplomacia de defesa relacionado com práticas sociais, e estabelecidas suas diferenças em relação a outros conceitos. Por fim, o tema refletiu sobre a instrumentalidade do poder militar para a política externa brasileira, analisado à luz dos critérios para a existência de uma instituição da sociedade internacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz. Segurança e Defesa no Cone Sul: da rivalidade da Guerra Fria à cooperação atual. Ed Porto de Ideias. São Paulo, 2010.

ARON, Raymond. Paz e Guerra entre as nações. Editora Universidade de Brasília. Instituto de pesquisa de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002.

ALSINA JÚNIOR, João Paulo Soares. O poder militar como instrumento da política externa brasileira contemporânea. Rev. bras. polít. int., Dez 2009, vol.52, no.2, p.173-191.

BARSTON, R. P. Modern Diplomacy. 3.ed. England: Pearson Education Limited, 2006.

BERRIDGE, G.R. Diplomacy: theory and practice. 2.ed. New York: Palgrave, 2002.

BRASIL. Decreto n. 56.435, de 08 de junho de 1965. Promulga a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. Disponível em: Acesso em: 08 fev 2020.

______. Ministério da Defesa. Defesa, MRE e GSI aproximam agendas internacionais e criam mecanismo de coordenação. Disponível em: . Acesso em 25 jan 2020.

______. ______. Defesa e MRE organizam seminário de coordenação temática. Disponível em: . Acesso em 25 abr 2020.

______. ______. Estratégia Nacional de Defesa. 2. ed. Brasília: 2008.

______. ______. Exército Brasileiro. Diretriz para as Atividades do Exército Brasileiro na Área Internacional. Brasília: 2013. Disponível em: < http://pt.calameo.com/read/00123820601e3ba92417c>. Acesso em 5 mai 2020.
______. ______. Política de Defesa Nacional. Brasília: 2005.

______.______. Relações Internacionais. Disponível em: . Acesso em 10 mai 2020.

BULL, Hedley. The anarchical society. A study of order in world politics. 2.ed. New York: Columbia University Press, 1995.

CERVO, Amado Luiz. Inserção internacional: formação dos conceitos brasileiros. Editora Saraiva. São Paulo, 2008.

COTTEY, Andrew; FOSTER, Anthony. Reshaping defense diplomacy: new roles for military cooperation and assistance. Adelphy Papers n. 365. Oxford: Oxford University Press, 2004.

DAVIS, Sonny B. A Brotherhood of Arms: Brazil United States military relations 19451977. Colorado: University Press of Colorado, 1996.

HAMILTON, Keith e LANGHORNE, Richard. The Practice of Diplomacy. Its evolution theory and administration. New York: Routledge, 1995.

HILL, Christopher. The changing politics of foreign policy. New York : Palgrave MacMillan, 2003.

HILSMAN, Roger. The Politics of Policy Making in Defense and Foreign Affairs. New York: Harper and Row, Publishers,1971.

HOLSTI, K.J. Taming the Sovereigns. Institutional Change in International Politics. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

HOMEM, António Pedro Barbas. História das relações internacionais: o direito e as Concepções políticas na Idade Moderna. Biblioteca Nacional de Portugal. Almedina. Coimbra, 2003.

HUNTINGTON, Samuel P. O soldado e o Estado: Teoria e Política das Relações entre Civis e Militares. Biblioteca do Exército. Rio de Janeiro, 1996.

JANOWITZ, Morris. The Professional Soldier. New York: The Free Press, 1971.
LANDIM, Hiarlley G. C. A diplomacia militar do Exército Brasileiro e o ambiente de segurança e defesa na América do Sul. Tese (Doutorado) - Escola de Comando e EstadoMaior do Exército, Rio de Janeiro, 2014.

MATTINGLY, Garret. Renaissance Diplomacy. UK: Penguin Books, 1955.

MAGALHÃES, J. C. A diplomacia pura. Venda Nova: Bertrand Editora, 1996.

MAGNOLI, Demétrio. Relações internacionais: teoria e história. 2. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.

MARQUES, Adriana Aparecida. Amazônia: pensamento e presença militar. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, 2007.

MENEZES, Delano Teixeira. O militar e o diplomata. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, 1997.

MORGENTHAU, Hans J. A política entre as nações. Editora Universidade de Brasília. Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2003.

MUTHANNA, Colonel KA. Enabling Military-to-Military Cooperation as a Foreign Policy Tool: Options for India. United Service Institution of India Centre for Research. New Delhi: Knowledge World, 2006.

SAINT-PIERRE, Héctor Luis. Segurança Internacional: Perspectivas Brasileiras/ Nelson A.
Jobim, Sergio W. Etchegoyen, João Paulo Alsina (Orgs.). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.


SERBIN, Andrés; PONT, Andrei S. Cooperative security and regional governance. Routledge Handbook of Latin American Security. London and New York: Routledge, 2016.

SILVA, Antonio Ruy de Almeida. A Diplomacia de Defesa na Sociedade Internacional. Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

SWISTEK, Göran. The Nexus Between Public Diplomacy and Military Diplomacy in Foreign Affairs and Defense Policy. Connections: The Quarterly Journal. Vol. XI, n. 2, 2012.

UNITED KINGDOM. Army Doctrine Publication- Operations. London: November, 2010.

UNITED KINGDOM. Ministry of Defense Policy Paper – Defense Diplomacy. London: December, 2000.

VASCONCELOS, Kleber Nunes de. A Cooperação Brasil – Paraguai no campo militar e seus reflexos nas relações bilaterais. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - Escola de Comando e Estado Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2011.
WATSON, Adams. Diplomacy: The Dialogue between States. London, Methuen, 1982.

WILLARD, James E. Military Diplomacy: An Essencial Tool of Foreign Policy at the Theater Strategic Level. Monograph – School of Advanced Military Studies, United States Command and General Staff College, Kansas, 2006.

WINAND, Érica Cristina Alexandre. Diplomacia e defesa na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). História e conjuntura na análise das relações com a Argentina. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de História, Direito e Serviço Social, da Unesp-Franca. Franca, SP, 2010.
Publicado
2023-07-17
Como Citar
Cap Lemos, C. (2023). A DIPLOMACIA DE DEFESA E AS FORÇAS ARMADAS COMO SEU INSTRUMENTO NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA. Escola De Aperfeiçoamento De Oficiais - EsAO. Recuperado de http://projetomariotravassos.eb.mil.br/PMT-ESAO/article/view/9344
Seção
Artigos